eis um pequeno fato: você vai morrer.
De fato nunca tive medo da morte, se me perguntavam sobre o assunto apenas dizia: vai acontecer com todos que habitam esse mundo, ricos ou pobres, pretos ou brancos, crentes ou ateus. Considerava-me sabedor de tudo sobre a morte, por ela me parecer um fato simples da vida. Mas eu era um cético, e não sabia nada sobre a vida ou sobre a morte.
A sala estava repleta de silencio, a não ser pelo velho relógio que tilintava seus bravos ponteiros de alumínio, sem duvida era um belo relógio europeu, raro e antigo mas naquele momento minha vontade era de joga-lo pela janela e contemplar seus destroços no silencio de seu fim. Annabel torcia as mãos e eu olhava seu rosto frio com uma expressão forte. Talvez depois de uns minutos a única frase pronunciada naquela tarde de outono e também de todas as estações que seguiram fora: ''eu nunca te amei'' essa frase fora resposta de uma pergunta do tipo: ''não pode ir embora, e quanto ao nosso amor?'' ou '' você não me ama mais?'' ou simplesmente: ''por quê?''. Olhei dentro de seus olhos pela ultima vez, vi a morte, vi a dor e o que me esperava no futuro olhava para dentro de seus olhos até que a porta bateu, e eu morri de todas as formas possíveis de se morrer.
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